No dia 31 de Dezembro de 2011 eu era uma menina cansada, sem muitas perspectivas para o ano que estava por começar, sem planos de viagem, sem animação, apenas um batom vermelho na boca. Vi 2012 chegar ao lado do meu melhor amigo, do seu então namorado, sua mãe e um outro amigo. Assim, sem grandes festejos, som alto, bebida, abraços calorosos, danças, nada. Uma apatia que eu evitava analisar.
Eis que o ano começou como tinha que começar. Com algumas certezas e muitas, muitas dúvidas.
Em 2012 eu trabalhei muito. 7 meses de entrega, envolvimento, cansaço. Senti um tédio dolorido. Uma falta estranha. Chorei horrores. De dor, de amor, de rir, de desespero, de querer e não ter ou de simplesmente não saber o que queria. Em 2012 eu vi o show da minha banda preferida com os olhos marejados. Aprendi a economizar, a entender que necessidades maiores deveram gritar mais alto, a ficar quietinha fazendo qualquer coisa que não fosse reclamar da vida. Em 2012 eu consegui reclamar menos e pensar mais.
Dormi por cima dos livros. Estudei com uma gana intensa, uma necessidade de engolir o que estava no papel e alcançar o meu objetivo. Quis desistir, buscar qualquer outra forma de viver que não fosse lutando tanto, indo de encontro a maré. Abri mão de uma pá de coisas. Passei no mestrado e vi minha vida mudar completamente. Uma reviravolta que até hoje não consegui assimilar. Larguei emprego, especialização, energias ruins, despertador programado para 05:00 da manhã, raiva, stress, dúvidas. Ganhei uma segunda mãe, responsabilidades, admiração, confiança, livros, compromissos. Me encontrei com minhas crenças, com meu passado, com o que me move.
Em 2012, como diria meu melhor amigo, eu "me tornei mulher". Me encarei no espelho, me encontrei, quis me namorar. Brinquei de ser dona da banca, dona do jogo e fui. Ou melhor, estou aprendendo a ser. Em 2012 eu me senti mãe e vi que mesmo não gerando uma semente no meu ventre eu sempre serei mãe de alguém. Amei um bando de gente. Família, amigos, conhecidos, livros, personagens, sentimentos, detalhes. Amei com força, com vontade de amar. Ás vezes baixinho, noutras gritando. Em 2012 eu aprendi a amar. Flertei, dei de ombros, brinquei de querer, joguei ao vento um milhão de desejos.
Quando eu achava que nada mais aconteceria nesse ano, me surpreendi comigo mesma. Dei um salto comportamental. Nasci para dentro e para fora. Atendi meus desejos, paguei para ver, discordei do semáforo e gostei. Estou deixando para atrás a menina que não sabia se podia ou deveria. Agora dona da banca, dona do jogo. Eu jamais serei a mesma.
E então, faltando poucas horas para esse ciclo se findar, enquanto escrevo esse texto constato que 2012 foi um dos anos mais lindos da minha vida. Improvável, inexplicável, por vezes sem sentido, inconstante, mas intenso. De tudo que aconteceu, de tudo que poderia ter acontecido a certeza que tenho é que em 2012 eu cresci o suficiente para receber 2013 de coração aberto, pleno, sereno, com um sorriso largo e feliz de quem acredita que o melhor está por vir. E virá. Para mim, para todos aqueles que passaram pela minha vida, para os que estão e para os que vão ficar. Que não nos falte amor.
Tchau, 2012. Todo meu amor por você.
Olá, 2013. Já passei meu batom vermelho e já tô pronta para te amar.