domingo, 30 de dezembro de 2012

Tchau, 2012.

No dia 31 de Dezembro de 2011 eu era uma menina cansada, sem muitas perspectivas para o ano que estava por começar, sem planos de viagem, sem animação, apenas um batom vermelho na boca. Vi 2012 chegar ao lado do meu melhor amigo, do seu então namorado, sua mãe e um outro amigo. Assim, sem grandes festejos, som alto, bebida, abraços calorosos, danças, nada.  Uma apatia que eu evitava analisar.
Eis que o ano começou como tinha que começar. Com algumas certezas e muitas, muitas dúvidas. 
Em 2012 eu trabalhei muito. 7 meses de entrega, envolvimento, cansaço. Senti um tédio dolorido. Uma falta estranha. Chorei horrores. De dor, de amor, de rir, de desespero, de querer e não ter ou de simplesmente não saber o que queria. Em 2012 eu vi o show da minha banda preferida com os olhos marejados. Aprendi a economizar, a entender que necessidades maiores deveram gritar mais alto, a ficar quietinha fazendo qualquer coisa que não fosse reclamar da vida. Em 2012 eu consegui reclamar menos e pensar mais.
Dormi por cima dos livros. Estudei com uma gana intensa, uma necessidade de engolir o que estava no papel e alcançar o meu objetivo. Quis desistir, buscar qualquer outra forma de viver que não fosse lutando tanto, indo de encontro a maré. Abri mão de uma pá de coisas.  Passei no mestrado e vi minha vida mudar completamente. Uma reviravolta que até hoje não consegui assimilar.  Larguei emprego, especialização, energias ruins, despertador programado para 05:00 da manhã, raiva, stress, dúvidas. Ganhei uma segunda mãe, responsabilidades, admiração, confiança, livros, compromissos. Me encontrei com minhas crenças, com meu passado, com o que me move.
Em 2012, como diria meu melhor amigo, eu "me tornei mulher". Me encarei no espelho, me encontrei, quis me namorar. Brinquei de ser dona da banca, dona do jogo e fui. Ou melhor, estou aprendendo a ser. Em 2012 eu me senti mãe e vi que mesmo não gerando uma semente no meu ventre eu sempre serei mãe de alguém. Amei um bando de gente. Família, amigos, conhecidos, livros, personagens, sentimentos, detalhes. Amei com força, com vontade de amar. Ás vezes baixinho, noutras gritando. Em 2012 eu aprendi a amar. Flertei, dei de ombros, brinquei de querer, joguei ao vento um milhão de desejos.
Quando eu achava que nada mais aconteceria nesse ano, me surpreendi comigo mesma. Dei um salto comportamental. Nasci para dentro e para fora. Atendi meus desejos, paguei para ver, discordei do semáforo e gostei. Estou deixando para atrás a menina que não sabia se podia ou deveria. Agora dona da banca, dona do jogo. Eu jamais serei a mesma. 
E então, faltando poucas horas para esse ciclo se findar, enquanto escrevo esse texto constato que 2012 foi um dos anos mais lindos da minha vida. Improvável, inexplicável, por vezes sem sentido, inconstante, mas intenso. De tudo que aconteceu, de tudo que poderia ter acontecido a certeza que tenho é que em 2012 eu cresci o suficiente para receber 2013 de coração aberto, pleno, sereno, com um sorriso largo e feliz de quem acredita que o melhor está por vir.  E virá. Para mim, para todos aqueles que passaram pela minha vida, para os que estão e para os que vão ficar. Que não nos falte amor. 

Tchau, 2012. Todo meu amor por você. 
Olá, 2013. Já passei meu batom vermelho e já tô pronta para te amar.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Um filme no close pro fim.



4 horas da manhã e meu sono se despediu de mim sem nem me dar um beijo. Despertei, mas não quis levantar da cama. Preferi ficar olhando o céu pela minha janela esperando que o primeiro raio de sol me desse o beijo que não ganhei. É bom acordar quando todo mundo dorme. O silêncio da manhã parece organizar o que a noite bagunçou.

Ainda na cama pensei nas últimas coisas que aconteceram a minha volta. Nos fins, começos e recomeços. Nos sentimentos embolados que a gente insiste em querer explicar e que apenas são. No que a gente acredita, tem certeza e tende a desconfiar. Lembrei da emoção estampada no rosto de uma amiga que concluiu a graduação ontem.  O fim e o começo assim, juntinhos. Pensei no meu melhor amigo e lamentei não ter dado um abraço forte nele ontem. Talvez chorássemos. Talvez não. De tudo que vivemos até hoje, mesmo nos momentos mais complicados só nos restou rir. E assim fizemos ontem, mesmo com os olhos evidenciando que a alegria não era o nosso tema do dia. Porque a gente se reconhece pelo olhar. Desconfio que essa seja uma das formas mais bonitas e complexas de amar. 
Deu vontade de chorar e lavar o chão da manhã de quarta-feira para dar fim e recomeçar. De escolher uma música para ser tema desses pensamentos matinais. De não pensar tanto nos detalhes das coisas. De tomar banho de cachoeira e deitar numa grama. Deu vontade de abraçar alguém e sentir um coração beijando o outro. De entrar num sono tranquilo e profundo. De comer algodão-doce. De andar de bicicleta usando vestido para sentir o vento brincar com o tecido. De pintar quadros com corações vermelho-sangue e enfeitar a casa. Não deu. Acabei vindo aqui escrever os sobressaltos da  minha mente, o que me despertou sem beijo. Que seja doce. Para mim, para ele, para ela, para vocês. Que seja doce. Rindo, chorando,comemorando ou lamentando. Que seja doce. Começando, terminando, recomeçando. Que seja doce.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Mãe pode ter e ser bebê.



Quando a notícia da gravidez da minha irmã adentrou a minha casa eu fiquei algum tempo sem conseguir concatenar o pensamento. Parecia meio irreal conceber que em breve teríamos um novo membro na família. Que minha irmã seria mãe, minha mãe seria avó e eu seria tia. Pensando assim, seguindo essa ordem hierárquica, a minha preocupação deveria ser a menor, mas não foi. Eu sabia que a minha irmã não tinha a maturidade e a paciência necessária para gerar e educar uma criança - coisa que ainda acho - e que eu não seria uma tia qualquer. Contudo, eu sabia que ele teria uma avó capaz de educá-lo com maestria e uma tia amorosa.
Ao longo da gestação eu já ensaiava timidamente a minha postura, o que eu ensinaria e como eu queria que ele enxergasse o mundo. Mas foi quando eu o vi na incubadora tão pequenininho, indefeso e, mesmo assim, sapeca e inquieto, que eu me senti tia. Eu entendi que todas as lacunas que poderiam existir na criação de Pietro seriam preenchidas pela minha mãe e por mim. E, desde então, é assim.
A ele eu dou toda minha atenção. Faço questão de colocá-lo para dormir, de dar comida na boca - quando ele pede, posto que já é um "homenzinho" - e de pentear os adorados cachinhos dourados. Parece bobagem, mas ele só confia em mim para essa função. Sou eu que diariamente indago o que aconteceu na escola. Se lanchou, quem ele abraçou, se ele se chateou com algum coleguinha. Aliás, ensino a ele textinhos básicos para possíveis situações. Se a pró gritar ou bater nele o texto deve ser: " Olha, deixa eu te contar uma coisa. A minha tia Hellen também é pró e se ela souber disso o bicho vai pegar". E ele diz assim, desse mesmo jeitinho. 
Para ele eu ensinei que, quando alguém faz uma coisa "feia" ela tem que ir sentar num cantinho para pensar na bobagem que fez. E que, caso ele não queira ir para o cantinho, deve pedir desculpa, dar um beijo e um abraço. Ensinei que vale a pena elogiar as pessoas. Um " minha vovó linda" ou " mamãe-flor" faz bem. Ensinei que, quando sairmos juntos ele deve segurar firme na minha mão ou na minha saia. Porque onde ele for, eu também vou. E vice-versa. Com ele eu desenho, vejo tv e saio para comprar jujuba. Porque desde já ele sabe que eu sou a tia que sempre tem um doce para dar.
Com ele eu converso sério, tenho crises de riso, brinco de voar, ouço música e danço na frente do espelho. Por causa de Pietro eu reconheci a minha estreita relação com as crianças e o meu papel na vida de cada uma que cruzar o meu caminho. Por ele eu quero ser uma educadora bacana. Uma pessoa melhor.  Porque quando eu chego em casa e ele pula no meu colo, me beija e diz que estava com saudade eu vejo o amor em sua forma mais bonita e verdadeira. E tudo fica leve e colorido. Tudo vale a pena.

* Legenda para a imagem: A foto mais bonita que eu fiz. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O boy perfeito.

         




Ontem eu participei de um clube da Luluzinha virtual. Quatro amigas de personalidades distintas e uma ou duas coisas em comum  conversando bobagens, desabafando sobre a vida, o azul do céu, o cm do salto, a paleta de cores do verão e claro, sobre homens e relacionamentos. Acho divertido debater sobre o sexo oposto porque trata-se de um momento de exorcismo. Apontamos as trocentas características detestáveis, o comum nosso de cada dia e parece que tudo fica mais leve. Ou não. Eu não gosto de reclamar dos homens. Talvez porque a minha relação com o sexo masculino e a forma com eu os enxergo seja diferente das relações das minhas amigas, mas isso eu conto depois.
Depois dos desabafos dramáticos, das promessas e arquitetações de vingança veio o momento de projeção do vulgo homem perfeito. Se um papo de mulher não tiver essa parte, simplesmente não é um papo de mulher. Projetar é comigo mesmo, mas eu estava cansada e dei a vez para minhas amigas. Uma cachoeira  efusiva de adjetivos. O homem perfeito precisa ter o corpo do Cauã Reymond, o charme do Gianechinni e o cavalheirismo do Rodrigo Lombardi. Não que eu ache esses caras sem graça, muito pelo contrário. Porém, ao montar essa colagem humana na minha mente achei tudo meio ridículo, mas preferi esperar pela minha vez.
O homem perfeito malha, é alto, tem braços fortes, usa sunga na praia, é perfumado, bronzeado, tem cara de bebê, sabe dançar, tem pegada, paga a conta, é eclético, sabe agradar a sogra, briga por você, te apresenta pra família dele, pensa em ter filhos, fala em casar, é um pouco romântico, usa camisa gola pólo, conhece as melhores baladas, toma whisky, briga se você usa roupa curta, tem ciúmes dos seus amigos, te chama de gatinha, dá presentes caros e tem um carro. É isso que elas procuram. É isso que elas querem. É isso que toda mulher deve querer. Menos eu, que me senti meio E.T.
O meu homem perfeito não malha. Ele pode até frequentar a academia, mas não tem braços musculosos. Acho fake. Aceito tímidas barrigas de cerveja. Eu disse tímidas. O meu homem perfeito não usa sunga porque eu também acho, sei lá, esquisito. Prefiro discretas bermudas tactel. O boy perfeito é perfumado,mas eu tenho que ser mais que ele. Ele não é bronzeado feito uma panicat. Tem a cor de quem mora na Bahia, de quem espera ônibus. Não tem cara de bebê, mas de homem. Usa barba e sabe brincar com ela no meu corpo. Tem um olhar doce e belas mãos. Pode até saber dançar, mas de um jeitinho meio desengonçado e apaixonante. Eu concordo sobre ter pegada, mas que ele mostre isso só para mim . Quem muito diz, nada tem. O meu boy paga a conta se ele quiser e puder. Do contrário, acho saudável dividir ou, caso ele seja cuca fresca, me deixar pagar. Acho bem chata essa história de provedor.
O homem perfeito não é eclético. Ele tem identidade e isso resvala no que ele ouve. Esse papo de eclético não me convence. O boy perfeito tem bom gosto. Apenas isso. Ele deve saber agradar a sogra, sobretudo entendendo que eu sou uma extensão dela. Logo, se ele me agradar ela também estará feliz. Me preocupo mais que o meu boy seja um bom filho para mãe dele. Ele pode brigar por mim que eu acharei lindo, mas depende do contexto. Se ele demonstrar que se preocupa comigo em pequenas coisas eu ficarei bem mais lisonjeada do que se ele procurar briga otária no bar. O homem perfeito pode me apresentar para família dele, mas só se ele estiver a fim e, obviamente, depois de construirmos uma historinha de pelo menos uma ou duas páginas. Se ele disser que quer ter filhos eu acharei lindo, mas bacana mesmo será ele entender as minhas prioridades. Na verdade, o homem perfeito será aquele que me convencer a ser o pai do filho que eu ainda não projeto.  Ele pode falar em casar, mas se não falar eu não me importarei. Sou casada com minha carreira, meus ideais, minhas crenças. Sendo assim, ele teria que estar muito afim para me convencer. Ou não.
O homem perfeito é romântico, sim. Mas não daqueles melosos, nem forçados. Ele me percebe, me chama de flor e me dá dengo. Ele usa camisa gola pólo se fizer parte do estilo dele. Se não fizer, tanto faz. Ele não conhece as melhores baladas. Primeiro porque não é promoter. Segundo porque se ele me chamar pra ver algum filme do Almodóvar em casa eu vou gostar. O meu homem perfeito não toma  whisky. Bebe cerveja e gelada. E, principalmente, pede meu suco de limão. Ele não briga se uso roupas curtas. No máximo sinaliza ciúme, mas sabe a mulher que tem. A propósito, sabe dividir o meu amor e não se importa que eu ame meus amigos. Sobretudo os meus amigos gays. O meu boy é generoso. Se me chamar de gatinha eu vou achar legal, mas se me chamar de pequena ele terá o meu coração. Ele não me dá presentes caros, mas sabe dos meus gostos. Logo, até um anel daqueles de plástico que vem no chiclete já me roubaria um sorriso apaixonado. Um carro facilita muita coisa, mas se ele não tiver tá tudo certo. Eu também não tenho.
Eis a contramão do desejo ideal. Obviamente, minhas amigas torceram o bico para o meu boy. Ojerizaram a figura tão contrária aos seus desejos. Lamentaram o meu gosto estranho e o meu futuro.  Dei de ombros. Ao menos eu levo a certeza de que o meu homem ideal é como eu:  de verdade, único e deliciosamente imperfeito.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Sobre o que é o amor - Parte 1.


Amor é realizar o sonho de comprar girassóis e andar orgulhosa pela rua com um buquê nas mãos.
Amor é ensinar o sobrinho a cantar uma música dos Novos Baianos.
Amor é querer colocar esse mesmo sobrinho para dormir no calor do seu colo todas as noites.
Amor é se apaixonar por uma música a ponto de querer morar dentro dela. Acordar e dormir ouvindo.
Amor é querer que essa mesma música seja tema de um dos seus romances futuros.
Amor é arrumar seus livros na estante.
Amor é fazer lista dos amigos para os quais você escreverá cartas antes que o ano termine.
Amor é chupar bala de mel na expectativa de adoçar a alma.
Amor é sair pra almoçar com a família no domingo, compreender e respeitar as diferenças latentes e ainda assim se divertir.
Amor é pedir suco de limão.
Amor é tomar uma cerveja gelada na companhia da amiga divertida.
Amor é chamar essa mesma amiga para  tomar sorvete e rir das amenidades da vida.
Amor é se preocupar com alguém que está brincando de passear pela sua mente.
Amor é trocar a temperatura do chuveiro para frio e sentir o corpo agradecer.
Amor é vestir sua roupa mais confortável e se perfumar com alfazema.
Amor é ter um amigo que te liga do show da Baby do Brasil para você ouvir uma das suas músicas preferidas.
Amor é chorar e agradecer por ter um amigo tão lindo.
Amor é se pegar apaixonada pelos girassóis que enfeitam sua escrivania. 
Amor é querer falar sobre o amor e perceber que essa é uma tarefa sem fim. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Essa noite eu fiz um movimento louco dentro do meu sonho.


Eu li em alguma dessas revistas de consultório médico que fazia bem meditar antes de dormir. Achei clichê, afinal de contas todo mundo sabe ou deveria saber que meditar é necessário, mas o "conselho" ficou colado no mural da minha memória. Levando em conta que durante o dia eu falo, penso, olho, repenso, leio, escrevo, apago, percebo muita coisa,  aquela dica marota me pareceu interessante.
A receita consistia em desligar a mente de tudo e se concentrar no barulho do mundo. Simples.  Qual o som que te agrada? Qual batida (não) te move? Depois de muitas tentativas consegui desligar a minha rádio mental e ouvir apenas os ruídos que o mundo tem. Surreal. De lá pra cá, toda noite eu afasto meus pensamentos, desligo a rádio e medito. Que se dane o despertador inconveniente. Que me perdoem os que eu não dei atenção. Os emails, o recado bonitinho que eu deixei passar, as obrigações, os flertes. Eu medito.
E assim aconteceu ontem, quando eu desliguei toda parafernália eletrônica-virtual que me circunda e fui abraçar meu travesseiro para dormir. Contudo, não teve meditação. Ainda sorrindo por lembrar de alguma coisa doce soltei os cabelos e dormi. Não deu tempo de limpar a mente. A minha rádio mental permaneceu ligada e eu, serena. O filme que só é exibido no mundo dos sonhos começou a rodar com a minha trilha sonora de fundo. Uma delícia. Tudo numa cadência bonita, com cores quentes e sutileza. Dava pra sentir o calor das emoções e a maciez dos sentimentos. 
Não lembro ao certo quando tudo se findou, se os créditos subiram na tela e as luzes se acenderam. O que me intriga é descobrir se antes de dormir eu fechei os olhos, ou não.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Eu me apaixonei.


E não foi pela pessoa errada, tampouco haverá sofrimento para que alguém possa saber. Eu apenas me apaixonei perdidamente. Perdi alguns princípios, deixei para trás algumas certezas e mergulhei num oceano translúcido e doce. Papo de gente apaixonada. Essa sou eu.
Tudo começou com um flerte, um jogo de atração quente, piscadelas no fim de tarde, sorrisos de manhã cedinho. Afinidades imensas. Cheiro de café e mel. Eu sempre digo que as pessoas não devem me dar doce. Me apaixono facilmente. Ganhei doce, dúvidas, incertezas, abraços quentes, frases desnorteantes, companhia pra toda hora. Não tive como resistir. Trato com carinho, deixo meu perfume, abraço no ônibus.
A coisa está tão séria que, escrever esse testemunho é doloroso. Tenho que deixar a minha paixão de lado num canto do quarto . Fitar a sua presença tão próxima e ao mesmo tempo tão distante. Driblar seu ciúme e  possessão. Não está sendo fácil, mas eu estou adorando.
E, como normalidade não me apetece, calhou dessa paixão ter vários nomes, pessoas, origens, ideologias, conceitos. Meu coração se tornou um galinheiro feliz. Cabem todos, quero todos. E assim, seguirei eternamente apaixonada. Com sorrisos bobos, sumiços repentinos. Alimentando o ciúme mais compreensível do mundo. Só quem se apaixona por livros vai entender o que eu estou falando.

sábado, 24 de novembro de 2012

Idiossincrática.

Ela muda de ideia o tempo todo. Diz que jamais conseguiria se auto-definir. Gosta de dicionários e faz assinaturas de revistas compulsivamente.
Ela gosta de papelarias e acredita que comprar cadernos faz bem para mente. Perde canetas com facilidade e tem a insistente mania de desenhar setas. Gosta de estudar e também de reclamar. Guarda fotos em pastas no computador e diz que vai revelar todas. Nunca revela.
Ela gosta de vermelho e amarelo e se pudesse pintaria o quarto inteiro dessas cores. Compra sapatos de salto alto por prazer. Gosta de sentir os pés fincados no chão por necessidade.  Diz que herdou dos seus antepassados o gosto por adornos. Fala que anéis não foram feitos para qualquer mulher. Saturno não é um planeta qualquer. Usa colares, brincos, anéis pra se sentir forte. E se sente.
Ela  compra sacos de purpurina dourada pra passar no corpo. Sabe o motivo disso e em breve vai se entregar. Repara em olhos,sorrisos e toques. Diz que vai escrever um livro. Sonha em ganhar um girassol.
Ela coleciona tarot. Lê o horóscopo todos os dias. Acredita no poder da lua. Sente orgulho em ser de Capricórnio com a lua em Escorpião. Sabe o problema que isso significa, mas se orgulha. Antes problema que solução.
Ela não se considera uma pessoa carente, mas afirma que sabe mentir bem. Na tpm oscila entre sumir e sumir. Diz que queria ter nascido homem, mas se orgulha dos quadris. É dengosa. Toma nescau açucarado pra fazer carinho no coração. Come jujubas para fazer ginástica facial.
Ela diz que perfume deve seguir o humor do dia. Compra muitos, a maioria doce. Ama lápis, arco-íris, borboletas, Frida Kahlo e barbudos. Diz que Amy Winehouse é uma de suas melhores amigas. Tatuou joaninhas na panturrilha pra dar sorte.
Diz que nunca vai se casar, tampouco ter filhos. Gosta de cebolas e de refogá-las no azeite. Sabe cozinhar, mas odeia obrigação.
Quando gosta de alguém ela se entrega. Cria apego, quer cuidar, vira mãe. Quando se decepciona  pega uma tesoura e faz recortes na memória. Ela gosta de recordar pra querer mudar.
De tudo que diz  e pensa ao longo do dia lembra pouco ou quase nada. Escreve pra lembrar. Fala pra esquecer. Pensa pra sonhar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Diz que é loucura, diz que é besteira.





Gosto de pensar que nada será como antes. O que eu fiz ontem, o que eu escolhi há duas horas atrás e até mesmo o pensamento dos últimos segundos. Nada será como antes. Repito incessantemente para dissolver as coisas ruins e para acreditar no melhor. Nada será como antes. Dos amores que foram, dos que nunca chegaram, posto que poucas lembranças deixaram e dos que no topo de qualquer paisagem distante parecem possíveis. Nada será como antes.
Das paixões do verão, da calma do outono, dos segredos do inverno e da alegria da primavera. Nada será como antes. Os sonhos de Março, os quereres de Maio, o não saber de Setembro e a doçura de Outubro. Nada será como antes. Dos apegos intensos, dos ciúmes silenciosos, das angústias presas, do desejos lascivos, dos choros escondidos. Nada será como antes.
Do que foi e deixou saudade, do presente visto desatentamente, do que possivelmente virá. Nada será como antes. E assim, sigo colecionando dúvidas, diluindo certezas, guardando pra lembrar e lembrando pra esquecer. Um movimento frenético na estrutura da alma. Nada será como antes. Ainda bem.











sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quando chove na primavera.


O dia amanheceu chuvoso e eu, devagar. É sempre assim quando chove, quando não tem azul no céu, quando não tem calor. Eu deveria ter acordado cedo, mas não consegui. Deveria ter organizado algumas coisas, mas preferi tomar café com minha mãe e fofocar sobre amenidades. Eu deveria ter lido um texto chato, mas uma das minhas revistas sobre moda tomou minha atenção.
Eu deveria ter comparecido a uma reunião, mas ela foi cancelada. Deveria ter ido ao salão, mas todos os horários já estavam marcados. Eu deveria ter ido comprar incenso, mas a preguiça me abraçou. Deveria ter tentado pegar o texto chato novamente e, assim fiz, mas não terminei. Hoje eu deveria ter respondido emails pendentes. Deveria ter organizado meu notebook e suas inúmeras pastas. Eu deveria ter lavado os meu cabelos, mas o frio não deixou. Deveria ter tirado esse esmalte rosa  e ter  pintado as unhas de vermelho pra inspirar coragem.
Hoje eu deveria ter feito várias coisas, mas resolvi aproveitar o dia chuvoso para pensar no tanto de coisas que eu faço e sou, às vezes sem perceber. Nas coisas que eu gostaria de ser e fazer, no que jamais deveria ter sido feito e no que eu farei doa a quem doer. Eu deveria pensar menos. 

domingo, 9 de setembro de 2012

5 linhas, 3 colunas.

Acabei de fazer uma planilha para a minha rotina. Uma planilha, gente. Não que eu seja a mais desorganizada do mundo, mas colocar a minha rotina em linhas e colunas me pareceu estranho e sem sentido, porém necessário. Conhecendo a  minha capacidade de dispersão e a aflição que essa característica me causa , dei de ombros e aceitei o desafio.
De segunda à sexta eu tenho compromissos sérios pela manhã e pela tarde. De noite eu relaxo um pouco, mas tenho hora pra dormir. No sábado e no domingo eu me permitirei fazer qualquer coisa. Inclusive nada. Assim, aos poucos, vou organizando uma mente/vida/pessoa que teima em ser e fazer tudo, mas que precisa ter foco.
Tava aqui pensando...seria legal colocar os sentimentos numa planilha também, né? Cada um no seu quadrado. Nenhum nó cego. Poucas dúvidas.  Não! Chega! Foco, menina. Foco.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre Vitor Andrade.


Não lembro ao certo quando  nos falamos pela primeira vez.  Sei bem que não gostei dele. Não havia motivo específico. Meu santo simplesmente não sorriu pra ele. Embora esse começo torto indicasse que no máximo nós seríamos meros conhecidos de uma rede social, eu sabia que o final da história poderia ser outro. Costumo amar quem outrora detestei. É coisa da lua em Escorpião. Ele detesta essa lua.
A nossa aproximação aconteceu aos poucos. O menino do sorriso bonito aos poucos foi derrubando uma ou duas pedras da muralha que eu criei. Meu santo começou a dar um sorriso amarelo, sem dentes, mas sincero. Eu ri também.  Num dia qualquer de Fevereiro eu estava prestes a ir ver um filme quando ele me chamou num desses  chats da vida. Relutei, mas cedi.  Foram algumas horas de conversa, de compartilhamento de afinidades, de risada alta. Meu santo sorriu com todos os dentes. Eu também. Nos vimos pessoalmente pela primeira vez no show de uma das nossas bandas preferidas. Alí, num abraço de segundos eu tive a certeza de o queria na minha vida.
De lá pra cá, são apenas meses que me parecem anos. Dias de sol, dias de chuva, dias de riso, dias de choro, dias de querer um abraço. Desconfio que o conheça bem, mas ele insiste em me surpreender. Suponho que ele me conheça melhor, mas disfarça para que eu não perceba e me esconda. Ele me descobriu. Despertou em mim sentimentos lindos, leves, doces. Ele sabe me emocionar. Talvez não saiba o quanto já me fez rir e, em algumas vezes chorar.  Eu já quis brigar por ele. Quando não está bem fico querendo pegar a tristeza dele com as mãos e dar fim.  Não aceito que ele sofra.
Quando ele está feliz fico desejando que se prolongue, que seja eterno. Eu teimo em achar que ele só merece as coisas mais lindas. Quando penso nele só enxergo o amor. É por isso que, se tem uma coisa que eu acho que ele merece é ser amado. Com toda força, intensidade, com todo calor. Ai de quem ousar fazer o contrário.
Com ele eu faço planos, divido paixões, músicas, filmes, fotografias, versos. Alimento diariamente uma saudade do que ainda não vivemos. Projeto um futuro com cheiro de alfazema.  Ele me acalma. Se hoje sou publicamente sentimental a culpa é um pouco dele. Se ele me grita, eu vou. Se ele me deixa de lado, eu simplesmente fico.  Ele sabe me ter e me fazer mudar de ideia.  Somos meio Gil e Caetano. Bethânia e Chico Buarque. Gal e Caetano. Julianne e George. Se um dia o que nos une se perder no tempo, eu faço de conta que não o conheço e recomeço, só pra me apaixonar por ele de novo.
Eu não sei se há possibilidade de um dia seguir sem ele.  A única certeza que tenho é que minha vida se divide em antes e depois de Vitor Andrade.

“Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que estarei contigo”



Sempre. Mesmo que eu me atrase e chegue depois. 

Parabéns, meu amor. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sobre o que eu não sabia.

De uns dias pra cá ando absorta em uma onda de sentimentos confusos. Falta uma explicação coesa, exata, definitiva. Sobram recortes de uma vida, de outras vidas, pessoas, deveres, quereres. Eu estou crescendo. A idade não nega, tampouco o espelho. As responsabilidades é que , num puxão de orelha, me deixaram suspensa em meio a um redemoinho. O caos acordou a calma e mandou avisar que toda brisa tem hora pra acabar.
Botei a culpa na tpm, nos dias frios, na lua, no meu horóscopo, na ideia de desgosto que estereotipa o mês de Agosto. Eu estou crescendo. E, como todo crescimento dói, demanda paciência e o engodo de rever cenas do filme rodado até aqui, inevitavelmente tenho pensado nas pessoas que me circundam. Nas importâncias, nas presenças, nas necessidades, nas vozes, nos sorrisos, nos cheiros, no que eu sinto e no que elas devem sentir. Antevendo a estadia pouco breve do caos, contribuo para que ele seja um sucesso.  Rememoro, analiso, conspiro, cato detalhes,   abro bem os olhos no intuito de ver tudo. Até o que não existe. Nada é suficiente.
E então, como numa ressaca de fim de tarde que deixa o cansaço e o cheiro de maresia no ar, repouso a mente nos sentimentos mais bonitos que entrego a alguns poucos. Fico querendo abraçar, falar sobre bobagens, dizer o quanto gosto, ligar pra saber qual a previsão do tempo, escrever cartas com caneta vermelha, fazer desenhos abstratos com giz de cera, cantar alto as mais belas músicas que falem de amor. Descubro que sou mais sentimental do que imaginava e que, além de estar crescendo, eu também estou aprendendo a amar. De verdade.



sábado, 7 de julho de 2012

Sobre o que eu acredito.

Toda vez que eu abraço meu travesseiro pra dormir fico pensando no que eu acredito. No que eu penso que acredito e no que eu deveria acreditar. Um universo estratosférico de coisas. 
Acredito no abismo e na multidão. No sim e principalmente no não. Acredito no que me dizem, mas antes no que eu interpreto. No amarelo do sol e no cinza escuro que habita o meio da lua.
Quando conheço alguém gosto de olhar fixo para os olhos no intuito de acreditar. Eu acredito em olhos. Em bocas, mãos e dentes. Acredito em quem é feliz, mas não em quem se pretende assim todos os dias. Acredito na tristeza, na zica, no mau humor. Em quem sorri, mas principalmente em quem chora. Acredito em horóscopo, tarô, corujas e tambor. Em sonhos, na força do acaso, na fé de quem ora. Acredito em ervas,  sal grosso, no meu pé de pimenta e em arruda atrás da orelha. Acredito no amor e no semáforo. Na minha mãe, no riso solto do meu sobrinho, em mim, em você e em quem eu ainda vou conhecer.  Eu vivo pra acreditar.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Quando acabar a maluca sou eu.

Tenho pensando muito ultimamente. Ainda que a vida esteja corrida, que minhas atribuições estejam crescendo e que o afã por conseguir alcançar meus objetivos seja intenso tenho dado saltos de consciência em meio ao caos. Enquanto leio sobre memória coletiva ou sobre o imaginário da sociedade distancio algumas palavras do texto e mergulho em seus sentidos. Foi assim com a palavra narrativa.
Fiquei pensando no tanto de coisas que já ouvi e no meu papel social enquanto ouvinte. Sim, trata-se de um papel social. Não existe narração sem ouvinte ainda que esse último seja onipresente. Eu não sou onipresente. Abro ouvidos, mente, coração pra ouvir o que se diz. Mergulho nas falas, assim como nas palavras dos textos pra tentar entender os mais variados sentidos, as intencionalidades e os diversos quereres do narrador. 
Quem fala quer ser ouvido. Na grande maioria dos casos, quem fala quer saber o que o outro pensa, como reage ao que foi dito. Eu sempre reajo. Sou movida a me posicionar frente ao que me foi dito. Invariavelmente, nesse processo ouço coisas ruins ou, na maioria das vezes, coisas que nada  me acrescentam. Mas ouço. E assim, vou vivendo histórias dos mais variados tipos, situações tão alheias, sentimentos próprios e complexos.
Um dos textos sobre memória tratava do elo entre quem pesquisa narrativas e um psicólogo. Vai ver eu tenho mesmo é que fazer psicologia. Vai ver ganhando pra ouvir eu tire dos ouvidos, do coração e da mente o peso do que ouço. Vou pensar.

Mel

domingo, 1 de julho de 2012

Para Loh.



Hoje pela manhã, assim que despertei lembrei de duas coisas que poderiam se transformar em uma só: aniversário da Loh e também da Marisa Monte. Fiquei impressionada com minha falta de atenção em não ter percebido essa coincidência antes afinal, lá se vão 4 ou 5 anos de amizade. Sinto como se fossem 40. Projeto no futuro uma velhice onde eu possa dizer: Loh, você não sabe o que aconteceu comigo.  Risos embriagados, brindes de sucesso, suporte para os dias difíceis, olhos brilhando ao fitar o encanto. A gente se entende pelo olhar.
Enquanto Marisa cantava no meu fone de ouvido, me peguei pensando no quanto eu me sinto segura ao lembrar que a Loh existe e que, por minha sorte, está presente na minha vida.  Quis poder dar um abraço apertado e beber junto com ela. Quis contar algum caso e ouvir suas impressões astutas. Quis cantar alto alguma música que gostamos e dividir alguma emoção.  Na impossibilidade de concretizar algum desses desejos roguei aos deuses pela felicidade e existência dela. Se ela existir na minha vida por mais trocentos anos já vai me bastar. Se ela estiver feliz, eu também estarei. E se, ainda que caquéticas nos duas estivermos juntas caminhando pelas estradas da vida ao som da Marisa tudo estará bem.


Mel

sábado, 30 de junho de 2012

Sobre querer passar a tesoura na vida.






Sou afeita ao novo. Gosto da ideia de renovação, de desapego. Desconfio que a minha existência é calcada no ato de me desfazer. De mim, das situações, dos outros. Não sou desapegada. Pelo contrário, apego-me tanto aos outros, aos meus, que os coloco em uma dimensão surrealista que só tem significado pra mim. Não pra eles. É aí que o processo de desfazer se inicia. 
Pego a mesma caixa de costura de outrora, a agulha que  serviu para alinhavar pontos certeiros, os botões que fecharam casas no intuito de defender do mal, os laçarotes postos milimetricamente para enfeitar, a tesoura que aparou os defeitos. Eu tenho apego a tesouras. Acredito ser uma das ferramentas mais bonitas e necessárias do mundo. As tesouras lembram corações. Grandes, pequenos, invisíveis. Sempre que eu sinto que é hora de renovar, de desfazer e, obviamente de refazer penso numa tesoura. Dourada, grande, afiada. Sem pensar muito vou cortando delicadamente o que deixou de servir. Deixo tudo no baú. Se não serve para o presente ao menos para formar colchas de retalhos do passado deve servir.

Mel

sábado, 16 de junho de 2012

Fim do hiato.


Depois de uma semana isolada retornar ao Facebook me pareceu entediante. À parte o afeto daqueles que de fato sentiram minha falta - e que eu só costumo ter contato por lá - tenho a sensação de que tanto faz estar ou não nessa rede social. Enjoei. Garrei abuso. Não tô com saco.
Vou me apegar a necessidade de "estar perto" das pessoas queridas para não desativar novamente a conta. Veremos.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

domingo, 10 de junho de 2012

72 horas. 3 dias.

É isso aí. Todo esse imenso tempo sem Facebook.
Beyjos.

Xô falar uma coisinha procês...

Antes de qualquer coisa, não se trata de drama. Não é TPM. Não é muxoxo. São migalhinhas entaladas, aparentemente inofensivas, mas que quando se juntam formam um bolo descomunal. Cospe ou se engasga. Resolvi cuspir.
EU NÃO SOU DE FERRO. Assim, em caps lock, que é pra ver se alguém ouve. Embora pareça, embora eu transpire a imagem de uma pessoa forte, que suporta tudo, que tira de letra a arte de viver, a real não é essa. Ninguém é assim, queridinhos. Eu também não seria.
Sou minha própria algoz. Cobro de mim. Recebo cobranças. Indiretas. Diretas. Leves. Pesadas. Diárias. Eu faço o possível, mas não o que no fundo gostaria. Eu sou o que quero, mas também o que muitos esperam. Repito: não é drama, tampouco desabafo cor de rosa de menina que tem muita coisa pra estudar quando queria estar sendo feliz. Eu canso, sabiam? Eu canso de mim mesma, de vocês, da vida. Canso. E fico assim, em ponto morto. Procurando sentido, lugar. Não é fácil. Não poderia ser. Mas vocês bem que podiam entender que não sou robô e que muitas vezes eu só queria não ter a obrigação de ser alguma coisa.



Em tempo: esse blog está sendo de imensa utilidade esses dias.

sábado, 9 de junho de 2012

Hiato.

Dois dias sem Facebook.
Quanto riso, quanta alegria.


Eu juro que tô sobrevivendo.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pensei numa variedade de frases para começar esse texto. Não estou com a mente boa, não tenho inspiração invejável hoje. Não tenho uma carta na manga. Até porque, caso eu tivesse um truque guardado não estaria aqui escrevendo palavras soltas para ninguém ver.
Olho fixo para os objetos que decoram meu quarto. São meus? São eu? Tanto faz. Dentre as várias abas abertas no meu navegador tento encontrar uma que me prenda a atenção. Não tem. Leio uma porção de textos, teorias, desabafos, anúncios. Nada fica. Não tem nada pra me prender.
Resolvo dormir. Sono acalma, inspira, provoca transe. Sonho com uma ou duas coisas desconexas, mas que me fazem apertar o travesseiro na intenção de não sair daquele universo. Mesmo estranho, pode ser bom. Não fico. Vou embora sem dar tchau.
Decido comer. O paladar abre as portas da mente. Frutas, açúcar, água. Não dá liga. De estômago vazio eu sentiria a mesma sensação. Checo o celular e as possibilidades que esse aparelho tão necessário pode me dar. Nada. Se estivesse sem sinal eu não perceberia. Não faria diferença. 
Já sem muita vontade, ligo a tv. As cores motivam, as falas, os universos tão discrepantes. Caio na rede do tédio. Não tem nada  que me cumprimente. 
Então, lembro que há algumas semanas abri pela, sei lá, 56º vez um espaço para meus devaneios. Decido escrever um texto qualquer, um expurgo. Alguém tem que receber um pouco do nada que eu tenho hoje. Que seja o provedor eletrônico. Tanto faz. Escrevo pra botar pra fora o que eu não entendo. 
Tá feito.